Henri fajfel nasceu na Polônia, mas como o país proibia aos judeus matricular-se em universidades, transferiu-se para a França, onde estudou Química até o início da Segunda Guerra Mundial. Após engajar-se no exército francês, caiu prisioneiro num campo alemão. Lá os nazistas distinguiam prisioneiros segundo alguns pedigrees. Se fosse apenas francês seria tratado como inimigo. Se judeu-francês, como animal. E o judeu-polonês teria morte rápida e certa. Fajfel escolheu o caminho do meio e, apesar da morte de todos os seus amigos e familiares, sobreviveu. Marcado pela experiência da prisão, realizou estudos importantes sobre as manifestações inconscientes na formação da identidade social, estereotipagem e preconceito.

Fajfel demonstrou que, da mesma maneira que o cérebro preenche lacunas em dados visuais ou sonoros, nossa mente subliminar pega os dados incompletos para completar a imagem, faz deduções e produz resultados algumas vezes exatos, outras vezes distorcidos, mas sempre muito convincentes. Nossa mente também preenche as lacunas quando julgamos os outros. E a categoria a que pertence o indivíduo é parte dos dados que usamos para fazer isso. Fajfel sugeriu que essa percepção inconsciente da categorização estaria na raiz de todos os preconceitos. Até a segunda metade dos anos 1980 ele foi esquecido, pois a maioria dos psicólogos passou a ver a discriminação como um comportamento intencional, não surgido de nossos processos cognitivos normais e inevitáveis, relacionados à propensão do cérebro para classificar e categorizar. Após décadas de experiências surgidas das pesquisas da neurociência, hoje sabemos que a estereotipagem inconsciente ou “implícita” é a regra, não a exceção.