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domingo, 22 de outubro de 2017

Não foi Bullying!

Olá pessoal,
achei por bem trazer na íntegra um texto que reflete de forma bastante contextual, o trágico acontecimento ocorrido em Goiânia nessa última semana. 

A questão aqui não está relacionada à arma, que é assunto para outra análise. 

Mas, concentra-se em UMA DAS POSSÍVEIS REFLEXÕES sobre o papel da educação familiar na formação da personalidade da criança, lembrando que a família não responde sozinha por essa formação e que vivemos um tempo de barbárie em todos os cenários.

Espero que o texto de Jordam Campos ajude outros de nós, a aprender a separar os sentimentos mais apaixonados para identificar algumas realidades que o imediato não nos permite enxergar.

E você o que pensa sobre isso?

Um abraço aos leitores e nossos profundos sentimentos das famílias enlutadas.

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Sim, um adolescente matou dois colegas de escola com uma arma de fogo. Sim, pessoas desinformadas e com a ajuda da mídia espalham que o bullying foi o motivo. Não, não foi este o motivo. E vou aqui explicar um pouco sobre tudo isto.


Sou pai de quatro filhos, psicoterapeuta clínico de crianças, jovens e adultos e discordo completamente da “desculpa esfarrapada” desta pseudo-versão dos fatos. Bullying é o resultado de um abuso persistente na forma de violência física ou psicológica a uma outra pessoa. Bullying não é a piada sem graça, a ofensa solta ou uma provocação por conta do odor resultante da falta de desodorante por quatro dias, que foi exatamente o “caso” do adolescente que matou seus colegas. O motivo pelo qual o jovem assassinou seus colegas é um conjunto de fatores na formação de sua personalidade sob responsabilidade de seus pais.

O GATILHO que deu o start em seu plano de matar pode ter surgido da provocação de seus colegas, sim. Foi uma reação desmedida, autoritária, perversa e calculada a um conflito em que ele se viu inserido. A falta de preparo emocional e educacional deste jovem para lidar com frustrações é o ponto alto deste simples quebra-cabeças. Quando somos colocados frente a um conflito, ou o enfrentamos, ou fugimos ou paralisamos. As vítimas de bullying costumam paralisar e passam anos no gerúndio do próprio verbo que identifica este problema. Bullying é uma ressaca, um trauma no gerúndio, que vai minando as forças, destruindo a autoestima e a identidade frágil de suas vítimas.

No caso do adolescente em questão ele não teve tempo de ser vítima de bullying, ele simplesmente enfrentou a provocação de ser chamado de fedorento com base em sua formação de personalidade, filosofia de vida, exemplos e criação, reagindo. Colegas de sala disseram que ele era adorador do nazismo, cultuava coisas satânicas e quando provocado dizia que seus pais, que são policiais, iriam matar os provocadores se ele pedisse!!!! BINGO!!!!

NÃO FOI BULLYING - Por mais espantoso que possa ser, desculpem mídia e pseudo-sábios filósofos contemporâneos - o garoto matou porque tinha na sua formação de personalidade uma espécie de autorização para fazer! A identidade deste jovem de 14 anos estava formada em um alicerce que permitia isso. Ele provavelmente iria fazer isso logo logo... Na escola, com o vizinho, na briga de trânsito ou com a namorada que terminasse com ele, e isso nada tem a ver com Bullying. A provocação foi apenas o motivo para “fazer o que já se era.”
Agora, falando do Bullying, digo sem pestanejar que o maior culpado pela sedimentação do bullying e suas prováveis repercussões não são os coleguinhas “maldosos”, e sim a FAMÍLIA de quem sofre este tipo de ação. Se quem sofresse bullying fosse um potencial assassino a humanidade estava extinta. Mata-se muito por traições, brigas de trânsito, desavenças de trabalho, machismo, homofobia... Mas não por Bullying. Do contrário - é muito mais provável um suicídio, depressão, implosão.
O que faz com que alguém resista ou não a uma ação que pode virar bullying? Simples – a capacidade do jovem em lidar com frustrações e aprender a enfrentar seus problemas e conflitos. Esta é a maior prevenção ao bullying – aprender a vencer frustrações se submetendo a elas de forma sadia e com orientação. Aprender a respeitar os pais e a vida. Ter lições diárias de cidadania, direitos humanos - mas o mais importante - passar por frustrações e ter apoio dos pais, sem lamentar e encontrar culpados e sim crescer forte entendendo que neste mundo não podemos ter o controle das coisas.
Pais, ensinem seus filhos a respeitarem vocês e aos outros. Sei que muitos de vocês estão cheio de carências, desesperados em relações funcionais fúteis, e projetando em seus filhos o amor que não tiveram de quem acham que deveriam ter. Negligenciam assim o respeito e querem ser amados - isso contribui para fazer jovens fracos, deprimidos, ansiosos, confusos e vítimas fáceis para o bullying. Lembrem-se: só se ama e se valoriza o que se aprende a respeitar!
Obs: Este texto foi feito com base em informações disponíveis na imprensa e pela polícia até então. Não é um exame, avaliação ou diagnóstico psicoterapêutico, e sim considerações em tese, de cunho geral de muitos anos atendendo jovens como profissional do comportamento.
Por Jordan Campos

domingo, 30 de setembro de 2012

Carta aberta ao Conar - no ponto certo

Não deu para resistir e trouxe na íntegra a carta aberta ao Conar, publicada no Infância Livre de Consumismo.


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Carta aberta ao Conar - A melhor piada da propaganda*

Publicitários, ouvimos falar que os senhores reclamaram que estão sendo vítimas de bullying.
Sabemos que as piadas fazem sucesso na publicidade, mas desta vez não deu pra rir.
Bullying sofremos nós, seres humanos comuns, ao sermos ameaçados de ficar invisíveis se não comprarmos o carro da marca que vocês anunciam.
Bullying é ser mãe e ter que engolir muda o desaforo de ser chamada de Coca-Cola em rede nacional, como se esse fosse o mais supremo dos elogios.
Bullying é sermos obrigados a ter axilas claras e hidratadas, cabelos sempre lisos e sedosos e um corpo que não exala odor por 48 horas.
Bullying é sermos convencidos de que só podemos sair às ruas com proteção. Solar, antibactericida e contra insetos.
Bullying é ter que consumir bebida alcoólica para ser da turma, pegar mulheres e curtir a balada.
Bullying é aprendermos desde criança que só beija quem tem dentes brancos, brilhantes e hálito american fresh power plus.
Bullying é ter que engolir comida de isopor para ganhar um brinquedinho.
Bullying é sermos obrigados a fingir que acreditamos que os bancos são nossos melhores amigos.
Bullying é nos barrarem no treino se não estivermos barbeados com três lâminas que fazem tcha tcha tchum.
Bullying foi ter aguentado, durante décadas, grandalhões dizendo que inalar fumaça e soprá-la na cara dos outros era uma decisão inteligente.
Bullying é rirem da lancheira dos nossos filhos porque nela não entra bolacha recheada, refrigerante, pseudosuco ou salgadinho de milho trânsgênico.
Bullying é ficar gordinho, ter pressão alta, colesterol e pré-diabetes porque ninguém conta pra nossa mãe que aquilo que ela vê na TV pode ser prático, mas também pode fazer mal.
Bullying é nos passarem a cola errada e nos fazerem confundir azeite de oliva com maionese industrializada.
Para terminar, bullying é sacanear os pares. E nunca fomos pares para os senhores.
Portanto, façam um favor a si próprios: não saiam por aí chamando a tia e vertendo lágrimas de crocodilo porque ninguém acredita na sua choradeira.
Argumentem, defendam seus interesses, mas poupem-se do ridículo.
*Post publicado originalmente no Ombudsmãe