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domingo, 1 de julho de 2018

SBPC e a Carta de Belo Horizonte - (Fora projeto rentista-neoliberal)

Muito bem pessoal,


A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), parece ter dado uma boa contribuição para o debate do projeto educacional brasileiro em meio do curso do golpe engendrado a partir de Abril de 2016. A SBPC divulgou dia 28/06/18, a “Carta de Belo Horizonte”. Essa carta é fruto de discussões ocorridas no ciclo de seminários temáticos da entidade intitulado “Políticas públicas para o Brasil que queremos”.

Transcrevemos a carta na íntegra para você acompanhar o resultado preliminar das discussões.





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“CARTA DE BELO HORIZONTE”
DOCUMENTO RESULTANTE DO SEMINÁRIO TEMÁTICO DA SBPC
DESAFIOS DA POLÍTICA EDUCACIONAL PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

A Educação Pública Básica brasileira, como todos os setores que são fundamentais ao desenvolvimento social da democracia brasileira, passa por uma crise que está sendo aprofundada por medidas adotadas pelo atual governo brasileiro. O Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014-2024 traçou 20 metas para a Educação Brasileira, que incluem, entre outros, a universalização do atendimento em todos os níveis, a educação em tempo integral, a valorização do professor e o financiamento público da Educação. Essas metas vão sendo paulatinamente descumpridas pelo atual governo, que não se posiciona claramente em defesa do PNE, apesar de ele ser uma lei aprovada por unanimidade pelo Congresso Nacional. Por exemplo, no que tange a universalização do Ensino Fundamental, atualmente existem 2,8 milhões de alunos, entre 4 e 14 anos, que não estão na Educação Infantil ou no Ensino Fundamental. Ao mesmo tempo, as condições de oferta das vagas de escola pública enfrentam sério problema de infraestrutura, pois mais de 50% das escolas públicas brasileiras não têm condições mínimas de atendimento. A título de exemplo, apenas uma pequena minoria dessas escolas tem os quatro equipamentos considerados fundamentais ao seu funcionamento: biblioteca, laboratório de ciências, laboratório de informática e quadra esportiva. A profunda desigualdade econômica, que atinge os brasileiros e que está sendo aprofundada por uma série de medidas antipopulares do atual governo, colabora para o agravamento dos problemas educacionais. O desmonte das políticas públicas voltadas para a inclusão de todos os excluídos da e na escola acelera a imensa desigualdade que ainda caracteriza a sociedade brasileira. Em geral o que se consegue é oferecer uma escola pobre para os pobres. Os jovens, por outro lado, são empurrados precocemente para o mundo do trabalho ou pelos valores da sociedade de consumo, e a escola não responde às várias manifestações da cultura juvenil. Os professores da Educação Básica Pública experimentam uma série de desvantagens decorrentes do achatamento salarial a que estão, em geral, submetidos: jornadas de trabalho excessivas; formação continuada precária; desprestígio social do professor; precariedade da infraestrutura escolar; escolas em descompasso com as demandas sociais.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) sempre se posicionou pela Educação de qualidade como um direito de todos os brasileiros e um dever do Estado. A SBPC sempre defendeu que a formação para a cidadania implica numa sólida formação científica e em uma Educação que valorize e incentive a diversidade e a igualdade. Para fazer frente aos desafios educacionais do nosso tempo, é preciso investir em educação e levar em consideração que  políticas educacionais são complexas e exigem conhecimento especializado e não o desmando de pessoas não qualificadas. A integração das políticas educacionais com as demais políticas sociais é um imperativo para tirar o país da condição de uma das mais desiguais democracias do mundo. Neste ano de eleições gerais no Brasil, tanto para o executivo quanto para o legislativo, é fundamental que a SBPC leve aos candidatos um documento contendo as principais as reivindicações ligadas à Educação Básica.
No dia 15 de junho de 2018, no auditório “Luiz Pompeu de Campos, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a SBPC promoveu seminário temático para debater os desafios da política educacional para a Educação Básica. Este foi um dos oito seminários temáticos promovidos pela SBPC, que já foram ou serão realizados neste primeiro semestre em diversos estados brasileiros. Os participantes desse Seminário Temático da SBPC debateram vários assuntos relacionados ao tema, dentre os quais foram levantados seis pontos considerados essenciais para a reconstrução de uma Política Educacional para a Educação Básica:
  1. Revogação da Emenda Constitucional 95, conhecida como a Lei do Teto, pois num país imensamente desigual como o Brasil é inadmissível o congelamento de gastos em políticas públicas de alcance e impacto social, como as relacionadas à Educação Básica.
  2. Defesa intransigente do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, Lei no005, aprovada pelo Congresso Nacional em 25 de junho de 2014. Esse PNE, se cumprido, colocará a Educação Básica Pública em um novo patamar de qualidade, pois equaciona os principais problemas enfrentados pelo nosso sistema público de educação básica e propõe soluções para os problemas ao traçar metas ligadas à universalização do atendimento em todos os níveis, à educação em tempo integral, à valorização, carreira e formação do professor e ao financiamento público da Educação, entre outros temas importantes.
  3. Valorização do professor de Escola Pública de Educação Básica, com melhoria salarial, definição de uma carreira docente de modo a tornar a profissão atrativa, e dedicação exclusiva a uma única escola.
  4. Rejeição à forma como foi encaminhada a terceira fase da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), sem a participação das entidades representativas dos profissionais interessados na matéria, que resultou numa BNCC sem representatividade.
  5. Rejeição à nova Lei do Ensino Médio, Lei de n° 415, que institui um Ensino Médio pretensamente diversificado e integral. A não obrigatoriedade da oferta, pelas escolas públicas, de todos os itinerários formativos, exclui os estudantes que optariam por itinerários não oferecidos, principalmente aqueles em áreas críticas em que a falta professores de Ensino Médio afeta todo o sistema, como a área de ciências da natureza.
  6. Valorização da Educação Pública, gratuita e diversa em seu mais amplo caráter político.
Estes seis pontos constituem uma proposta preliminar de agenda mínima para ser discutida com as instâncias da SBPC, com outras sociedades científicas e com os demais setores da sociedade de modo a constituir subsídio para o documento sobre políticas públicas para Ciência, Tecnologia e Educação a ser entregue aos candidatos à Presidência da República e aos cargos legislativos federais.
As eleições de 2018 desempenharão um papel fundamental para definir os rumos do Brasil. É mister que os candidatos a cargos eletivos se pautem por uma agenda educacional capaz de reverter o atual estado de penúria em que se encontra a educação pública e que as políticas sociais possam novamente acenar para a inclusão da população sofrida e pobre. A SBPC se posiciona em defesa das conquistas educacionais da nação, e conclama todas e todos a um firme posicionamento em defesa da Educação Pública de Qualidade.
Além desses seis pontos, considerados fundamentais, foram discutidas ainda as seguintes reivindicações, que poderão compor o documento final da SBPC:
  1. Enfrentar o avanço do conservadorismo e de seus impactos nas políticas educacionais e sociais e trazer as questões raciais e de gênero para o centro do debate educativo.
  2. Dar visibilidade a um Pacto Nacional pela qualidade e expansão da Educação Infantil que inclua soluções para o financiamento, a formação de professores, e a revitalização de programas voltados para a Educação Infantil. É importante garantir o corte etário (data de referência: 31 de março) para o ingresso no ensino fundamental, afinal está em jogo o direito da criança a brincar, contra a precocidade imposta pelas elites fundamentadas na ideologia de mérito e no individualismo.
  3. Incluir na escola as diferentes culturas juvenis, formando professores que atuem em sintonia com as necessidades dos jovens.
  4. Controlar a oferta da EAD, sobretudo quando se referir à oferta de cursos formação de professores.
  5. Desnaturalizar as diferenças por meio de expedientes como racializar as identidades, generificar as diferenças e reconstruir as políticas públicas de reconhecimento das diferenças. Adotar financiamento afirmativo. Descolonizar os currículos e reeducar os próprios professores para as relações étnico-raciais e da diversidade.
  6. Tonar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) permanente e vinculá-lo ao Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi) e ao CAQ.
  7. Utilizar os recursos públicos somente para a escola pública, não assinando novos contratos do FIES.
  8. Promover uma auditoria da dívida pública e reforma tributária de caráter progressivo.
  9. Estabelecer um regime de colaboração efetiva entre os entes federados.

Fonte: Jornal da Ciência (SBPC.NET)

quarta-feira, 21 de março de 2018

Magistrada, Respeite as professoras!



Que ecoe pelo mundo afora, mensagens como da Professora Débora Seabra de Natal/RN ao responder franca, objetiva e educadamente à senhora magistrada marília castro neves do Rio de Janeiro, ao criticar professores com Síndrome de Down. A mesma magistrada que publicou notícias falsas sobre a Vereadora Marielle Franco.





RESPEITO É O MÍNIMO. E NO MÍNIMO, O SILÊNCIO.



Fotos: site justiça de saia




terça-feira, 25 de março de 2014

Utilidade Pública Acadêmica e Cidadã

URGENTE - AÇÃO PELA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
PARTICIPE!

Após anos de luta pela obrigatoriedade da disciplina Educação Física ser ensinada por Profissionais de Educação Física em todas as séries da Educação Básica, está em fase final para aprovação, o Projeto de Lei Complementar nº116 de 2013 que estabelece esta obrigatoriedade. Em breve, o Projeto será apreciado pelo plenário do Senado, contudo há sempre alguns opositores e precisamos nos mobilizar para que estes não atrasem a aprovação deste direito da sociedade.
Sabemos que, com a participação de todos, é possível agirmos junto com quem tem poder para aprovar o Projeto, no caso os senadores. Entendemos que fazendo esta pressão, este seja aprovado. Sendo assim, solicitamos que encaminhem aos três senadores do seu Estado, pelo menos a cada três dias, a seguinte mensagem:

"Exmo. Sr. Senador ____________ (INSERIR NOME DO SENADOR), venho solicitar que o Senhor se digne a atender uma demanda da sociedade que trará maior qualidade do ensino oferecido a todos os escolares, especialmente, os da escola pública em todo o Brasil.
Precisamos que o Senhor vote contra o Requerimento nº 84 de 2014 - pautado para o Plenário do Senado no dia 12 de Março. O Requerimento pede, apenas com razões protelatórias, que o PLC nº 116 de 2013 vá para mais uma Comissão.
Em seguida, precisamos que o Senhor peça ao Presidente do Senado que paute o PLC nº 116 de 2013 e, pautado, vote a favor do Relatório do Senador Lindbergh Farias, aprovado na Comissão de Educação por unanimidade! Precisamos que seja aprovado no Plenário, pois acreditamos que a Presidenta Dilma sancionará.

Atenciosamente

____________ (INSERIR SEU NOME AQUI)"

Segue relação de e-mails dos senadores
OBS: Caso o link não funcione, por gentileza copiar e colar o texto da mensagem e o endereço eletrônico do seu senador
ACRE
Anibal Diniz (PT) anibal.diniz@senador.gov.br
Jorge Viana (PT) jorgeviana.acre@senador.gov.br
Sérgio Petecão (PSD) sergiopetecao@senador.gov.br
ALAGOAS
Benedito de Lira (PP) benedito.lira@senador.gov.br
Fernando Collor (PTB) fernando.collor@senador.gov.br
Renan Calheiros (PMDB) renan.calheiros@senador.gov.br
AMAZONAS
Alfredo Nascimento (PR) alfredo.nascimento@senador.gov.br
Eduardo Braga (PMDB) eduardo.braga@senador.gov.br
Vanessa Grazziotin (PCdoB) vanessa.grazziotin@senadora.gov.br
AMAPÁ
João Capiberibe (PSB) capi@senador.gov.br
José Sarney (PMDB) sarney@senador.gov.br
Randolfe Rodrigues (PSOL) randolfe.rodrigues@senador.gov.br
BAHIA
João Durval (PDT) joaodurval@senador.gov.br
Lídice da Mata (PSB)  lidice.mata@senadora.gov.br
Walter Pinheiro (PT) pinheiro@senador.gov.br
CEARÁ
Eunício Oliveira (PMDB)_ eunicio.oliveira@senador.gov.br
Inácio Arruda (PCdoB) inacioarruda@senador.gov.br
José Pimentel (PT) gab.josepimentel@senado.gov.br
DISTRITO FEDERAL
Cristovam Buarque (PDT) cristovam@senador.gov.br
Gim Argello (PTB) gim.argello@senador.gov.br
Rodrigo Rollemberg (PSB) rollemberg@senador.gov.br
ESPÍRITO SANTO
Ana Rita (PT) ana.rita@senadora.gov.br
Magno Malta (PR) magnomalta@senador.gov.br
Ricardo Ferraço (PMDB) ricardoferraco@senador.gov.br
GOIÁS
Cyro Miranda (PSDB) cyro.miranda@senador.gov.br
Lúcia Vânia (PSDB) lucia.vania@senadora.gov.br
Wilder Morais (DEM) wilder.morais@senador.gov.br
MARANHÃO
Epitácio Cafeteira (PTB)  ecafeteira@senador.gov.br
João Alberto Souza (PMDB) joao.alberto@senador.gov.br
Lobão Filho (PMDB) lobaofilho@senador.gov.br
MATO GROSSO
Blairo Maggi (PR) blairomaggi@senador.gov.br
Jayme Campos (DEM) jayme.campos@senador.gov.br
Pedro Taques (PDT) pedrotaques@senador.gov.br
MATO GROSSO DO SUL
Delcídio do Amaral (PT) delcidio.amaral@senador.gov.br
Ruben Figueiró (PSDB) ruben.figueiro@senador.gov.br
Waldemir Moka (PMDB) waldemir.moka@senador.gov.br
MINAS GERAIS
Aécio Neves (PSDB) aecio.neves@senador.gov.br
Clésio Andrade (PMDB) clesio.andrade@senador.gov.br
Zeze Perrella (PDT) zeze.perrella@senador.gov.br
PARAÍBA
Cássio Cunha Lima (PSDB) cassio@senador.gov.br
Cícero Lucena (PSDB) cicero.lucena@senador.gov.br
Vital do Rêgo (PMDB)  vital.rego@senador.gov.br
PARANÁ
Alvaro Dias (PSDB) alvarodias@senador.gov.br
Roberto Requião (PMDB) roberto.requiao@senador.gov.br
Gleisi Hoffmann (PT)  gleisi@senadora.leg.br
PERNAMBUCO
Armando Monteiro (PTB) armando.monteiro@senador.gov.br
Humberto Costa (PT) humberto.costa@senador.gov.br
Jarbas Vasconcelos (PMDB) jarbas.vasconcelos@senador.gov.br
PARÁ
Flexa Ribeiro (PSDB) flexaribeiro@senador.gov.br
Jader Barbalho (PMDB) jader.barbalho@senador.gov.br
Mário Couto (PSDB) mario.couto@senador.gov.br
PIAUÍ
Ciro Nogueira (PP) ciro.nogueira@senador.gov.br
João Vicente Claudino (PTB) j.v.claudino@senador.gov.br
Wellington Dias (PT) wellington.dias@senador.gov.br
RIO DE JANEIRO
Eduardo Lopes (PRB) eduardo.lopes@senador.gov.br
Francisco Dornelles (PP) francisco.dornelles@senador.gov.br
Lindbergh Farias (PT) lindbergh.farias@senador.gov.br
RIO GRANDE DO NORTE
Garibaldi Alves (PMDB) garibaldi@senador.gov.br
José Agripino (DEM) jose.agripino@senador.gov.br
Paulo Davim (PV) paulodavim@senador.gov.br
RIO GRANDE DO SUL
Ana Amélia (PP) ana.amelia@senadora.gov.br
Paulo Paim (PT) paulopaim@senador.gov.br
Pedro Simon (PMDB) simon@senador.gov.br
RONDÔNIA
Acir Gurgacz (PDT)  acir@senador.gov.br
Ivo Cassol (PP)  ivo.cassol@senador.gov.br
Valdir Raupp (PMDB) valdir.raupp@senador.gov.br
RORAIMA
Angela Portela (PT) angela.portela@senadora.gov.br
Mozarildo Cavalcanti (PTB) mozarildo@senador.gov.br
Romero Jucá (PMDB) romero.juca@senador.gov.br
SANTA CATARINA
Casildo Maldaner (PMDB) casildomaldaner@senador.gov.br
Luiz Henrique (PMDB) luizhenrique@senador.gov.br
Paulo Bauer (PSDB)  paulobauer@senador.gov.br
SÃO PAULO
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) aloysionunes.ferreira@senador.gov.br
Antonio Carlos Rodrigues (PR) antonio.rodrigues@senador.gov.br
Eduardo Suplicy (PT) eduardo.suplicy@senador.gov.br
SERGIPE
Antonio Carlos Valadares (PSB)  antoniocarlosvaladares@senador.gov.br
Eduardo Amorim (PSC)  eduardo.amorim@senador.gov.br
Maria do Carmo Alves (DEM) maria.carmo@senadora.gov.br
TOCANTINS
Ataídes Oliveira (PSDB) ataides.oliveira@senador.gov.br
Kátia Abreu (PSD) katia.abreu@senadora.gov.br
Vicentinho Alves (PR)  vicentinho.alves@senador.gov.br

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Contra publicidade ao público infantil



À Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática
A/C Deputado Salvador Zimbaldi
Relator do PL 5921/01
REF: PL 5921/01 – que trata da publicidade dirigida às crianças

Prezado Deputado Federal Salvador Zimbaldi,
A legislatura de 2011 está terminando e nós, mães e pais do Movimento Infância Livre de Consumismo (MILC), aguardamos ansiosos pelo relatório contendo o novo texto substitutivo do Projeto de Lei 5921/01, que trata da publicidade infantil.
Em 2013, este projeto de lei completará 12 anos sem aprovação. Considerando que 12 anos é justamente o tempo indicado, por pesquisadores e especialistas, para que a criança seja preservada do assédio publicitário, podemos considerar que já temos uma geração inteira assediada e desrespeitada devido a tanta demora!
No mês de outubro, mês das crianças, utilizamos nossos canais de contato com a sociedade para discutir publicidade e consumismo no Dia das Crianças, por meio de textos, imagens e eventos que provocaram grande engajamento e reflexão, tanto nas redes sociais, quanto na mídia, nas escolas e nas residências. Nossas imagens, somadas, foram compartilhadas mais de 100 MIL vezes, alcançamos mais de 2 MILHÕES DE PESSOAS e os eventos realizados com nosso apoio em todo o país foram pauta para TV, rádio, revistas, jornais e blogs.
Percebemos que as mães e os pais estão cientes da sua responsabilidade como protagonistas do processo de educação para a mídia, mas acreditam que os mecanismos de controle social precisam melhorar. Verificamos que existe grande aprovação em relação às ações protagonizadas pelos Procons estaduais, e isso é um sinal de que o Estado conta com o apoio das famílias para legislar sobre o tema. Todos nós esperamos que a nova regulação permita mais e melhores intervenções do Estado na regulação da publicidade dirigida às crianças e de produtos infantis.
São muitas vozes que defendem uma nova regulação para a publicidade infantil. Recentemente, um dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, Herman Benjamin, se manifestou a favor de um texto de lei que trate a matéria. O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, declarou que o Ministério da Justiça fará um estudo sobre a publicidade infantil.
Além de nós, os pais (família), a sociedade (Organizações Não-Governamentais e representações do mercado), o Estado (por meio dos seus diversos diversos órgãos e conselhos) e a academia (via grupo de pesquisa de direito, comunicação e psicologia etc.) estão se mobilizando no sentido de uma lei que regulamente a matéria.
É por tudo isso que nos dirigimos ao senhor e aguardamos ansiosos o texto que sairá desta casa para o Senado. Lembrando que, na última audiência pública do Projeto de Lei 5921/01, o senhor se comprometeu publicamente em dar seu parecer neste segundo semestre de 2012. Sabemos que o tema é espinhoso, especialmente por tocar em interesses mercantis de grandes empresários e representações do mercado.
Porém esperamos do senhor e desta comissão a coragem de aprovar um relatório sem deixar esta missão para a próxima legislatura ou teremos mais um ano de tramitação deste Projeto de Lei que se arrasta há 11 anos nesta casa.
Esperamos que este texto ofereça mais proteção às crianças e mais liberdade para pais e mães educarem seus filhos sem que os sofisticados apelos da publicidade interfiram neste processo como vêm interferindo em concorrência com os valores comunitários, de solidariedade e generosidade, além da cooperação, fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, urbana e saudável. O incentivo ao consumismo, como acontece hoje, gera problemas sociais graves em todas as instâncias e compromete a qualidade do nosso futuro; os legisladores que cuidarem disso, serão sempre lembrados pelo seu pioneirismo e coragem.
Agradecemos a atenção e nos colocamos à sua disposição para colaborar como acharem necessário para oferecer o nosso olhar de pais e mães na redação deste relatório.

Atenciosamente,

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Carta dos Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay


Carta da comunidade Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay-Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil


Nós (50 homens, 50 mulheres e 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, viemos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de da ordem de despacho expressado pela Justiça Federal de Navirai-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, do dia 29 de setembro de 2012. Recebemos a informação de que nossa comunidade logo será atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal, de Navirai-MS.



Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver à margem do rio Hovy e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Navirai-MS é parte da ação de genocídio e extermínio histórico ao povo indígena, nativo e autóctone do Mato Grosso do Sul, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas? Para qual Justiça do Brasil? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós.  Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados a 50 metros do rio Hovy onde já ocorreram quatro mortes, sendo duas por meio de suicídio e duas em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas.



Moramos na margem do rio Hovy há mais de um ano e estamos sem nenhuma assistência, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Passamos tudo isso para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs, avós, bisavôs e bisavós, ali estão os cemitérios de todos nossos antepassados.



Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui.



Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação e extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para  jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal. Decretem a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e enterrem-nos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem mortos.



Sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo em ritmo acelerado. Sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo e indígena histórico, decidimos meramente em sermos mortos coletivamente aqui. Não temos outra opção esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

Atenciosamente, Guarani-Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A infância em detalhes

Achei por bem transcrever a carta na íntegra, porque o universo da infância perpassa esse blog de diversas formas. Aos meus leitores e seguidores vai aí uma mobilização a qual eu me interesso, me importo e apoio.

Abraços
Sérgio Moura.



Carta às Mães

Meu nome é Agnes Arato e sou uma das mães que fazem parte do coletivo Infância Livre de Consumismo. Se você pensar no grupo gestor das ações deste coletivo, sou uma das 20. Se pensar no grupo que acompanha, compartilha, debate e pensa parecido, sou um dos quase nove mil pais e mães que fazem o coletivo Infância Livre de Consumismo.
Quero pedir licença aos pais para falar às mães – isso porque historicamente e estatisticamente são as mães que tocam a vida prática da prole. São as mães que parem os filhos, que amamentam, e são principalmente elas que cuidam das crianças na primeira infância. Aqui em casa, embora eu me esforce e cobre muito o contrário, ainda é assim.
Quero falar com você, mãe, para que a gente se entenda. Não estamos contra você. Estamos com você!
Nossa briga não é com você, mãe, que eventualmente fornece comida industrializada para seu filho ou que não amamentou exclusivamente até os seis meses (seja por qual motivo for), ou com qualquer outra mãe, pai ou família.
A nossa briga é com o mercado que não nos avisa que alguns alimentos industrializados, em uma única porção, contêm 75% do sódio que poderíamos ingerir em todo o dia, e que isso pode causar inúmeras doenças em nossas famílias. A nossa briga é com o “comunicador” que mantém no ar um programa infantil que, a cada cinco minutos, para tudo o que está fazendo – brincadeiras, desenhos – para vender mais um produto licenciado a nossos filhos. A nossa briga é com os anunciantes que colocam desenho animado e música infantil em propaganda de produtos para adultos, provocando e reforçando a criança como tomadora de decisões de compra de toda a família. A nossa briga é com o fabricante que coloca um brinquedinho em seu lanchinho pouco saudável, deixando para nós, mães, a tarefa inglória de explicar e barganhar com a criança que quer aquilo de qualquer jeito, pois “todo mundo tem”.
A nossa briga é com o pediatra que, ao invés de nos ensinar a estimular a produção de leite, recomenda uma fórmula industrializada logo de início, e não avisa que o nosso próprio leite, além de gratuito, fornece uma proteção a nossos filhos que nenhum outro leite fornecerá. A nossa briga é com a imprensa que, ao invés de apresentar mais soluções para a falta de tempo na hora de ir para a cozinha, indica a papinha industrializada como única saída (saudável?) para o dilema.
Nossa briga não é com você, mãe. Não queremos culpá-la. Mas também não estamos aqui para aliviar. Queremos que você sente conosco, reflita, debata, participe. Afinal, para criar nossos filhos em um mundo onde seja mais importante o “ser” do que o “ter” é preciso que cada um de nós se mobilize. Ao invés de nos acomodarmos em nossa pretensa impotência diante da força de grandes corporações ou conglomerados de comunicação, se cada um de nós der sua pequena contribuição, podemos, sim, mudar hábitos e pensamentos que pareciam imutáveis. Penso sempre na metáfora do formigueiro e da formiga. A formiga, sozinha, não movimenta nada. Mas do que um formigueiro é capaz?
Abraços a todos!