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terça-feira, 22 de setembro de 2015

VI EDIPE - Um fôlego a mais na submissão de trabalhos

A comissão organizadora do VI EDIPE - Encontro Estadual de Didática e Práticas de Ensino, em detrimento da greve nas Universidades Federais, dos problemas de comunicação e em atendimento às solicitações recebidas, resolveu prorrogar o prazo de envio de trabalho e pagamento de inscrição até o DIA 10/OUTUBRO/2015 ÀS 23H59MIN.
 



Sobre a taxa de inscrição acesse o boletim informativo.

Conta Bancária: CEPED – Centro de Estudos e Pesquisas em Didática 
Banco do Brasil: Agência 1269-6 Conta 12.082-0 

INFORMAÇÕES: 
 
Atenciosamente
Comissão Organizadora



sábado, 1 de setembro de 2012

Carta de uma aluna da UFG

Uma carta que não só me emocionou, mas a inúmeros outros colegas professores da UFG. Uma aluna que nos traz muito orgulho de ser seus professores junto à Faculdade de Educação Física desta IFES.

Obrigado Paula Falcão pelo carinho, força, compreensão e luta!


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Nós estudantes sabemos que a situação se complica nessa fase, os ataques se intensificam e o descaso nos enche de desanimo mais do que de revolta. Isso é a luta de classes, e é assim mesmo que responde o capital no momento em que se estabelece o conflito. Mesmo assim, fazemos coro com os que falam que não podemos minar nosso movimento, não podemos nos derrotar. Temos que ir adiante, continuar...
Sabemos também, infelizmente, que a greve para os estudantes só dura enquanto durar a dos professores, e por isso estamos apoiando a greve de vocês. Não depositamos nas suas costas as responsabilidades da nossa luta, apenas vemos essa atitude como nossa estratégia de combate. E assim vamos para as assembleias sempre para ver “aquele” grupo de professores que desde o início pautou a qualidade da educação pública e principalmente condições dignas de trabalho.
E foi exatamente nessa luta, por uma educação de qualidade, que vocês ganharam uma coisa que talvez a priori não tenha tanto valor quanto os pontos de pauta presentes na mesa de negociação, mas que na nossa perspectiva, nesse momento histórico do ME é de grande importância. O orgulho, a confiança e o respeito que creditamos a vocês por #lutarem sempre é que nos faz novamente acreditar na universidade e lutar por ela.
Esperamos ver vocês nessa próxima assembleia com o mesmo discurso, firmes, convictos de seus ideais e da greve que estamos construindo.  E se o que se espera de nós nesse momento é o desgaste e a desanimação, talvez seja esse o momento de mostrarmos o motivo de nos chamarem de RESISTÊNCIA, temos que nos manter firmes e incomodar muito ainda! Se o governo não negocia, pressionamos; Se nos pressionam, resistimos; E se disserem que acabou e que estamos derrotados, então este é o momento de irmos juntos pra rua, dizer para a sociedade: “ESTAMOS EM GREVE SIM, E ELA É FORTE!”.
Força na luta mestres/companheiros, que ela é pra vencer!!!!
Paula Falcão – Estudante de Educação Física FEF/UFG

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A greve na universidade federal e suas contradições

O desabafo e os questionamentos de um professor em greve

"Ao longo dos meus 44 anos neste momento, tenho vivenciado muitas coisas boas e ruins apresentadas pelo mundo. Tenho como todos os seres humanos existentes no planeta, sentido tristezas, alegrias, raiva, mágoas, rancor, desejos, sensação de perda e de vitória, de fé, de desespero e, em uma quantidade cada vez maior em minha vida, a sensação de dúvida e de indignação." (Baptista, 2012)


Vale a pena o Clique - baixe e leia.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Frei Betto e a greve dos professores das federais


Quando o governo acabará com a greve dos professores das universidades públicas, que já dura mais de 60 dias?
20/07/2012 - Frei Betto
 Eis que esbarro no aeroporto com um amigo, alto funcionário do governo federal. Fomos colegas de Planalto nos idos de 2004. Fui direto ao ponto:
- E quando o governo acabará com a greve dos professores das universidades públicas, que já dura mais de 60 dias? Ela paralisa 57 das 59 universidades federais e 34 dos 38 institutos federais de educação tecnológica. São 143 mil profissionais de ensino de braços cruzados.
- O governo? – reagiu surpreso. - Eles é que decidiram parar de trabalhar. Já é hora de descruzarem os braços e aceitar nossa proposta apresentada na sexta, 13 de julho. A partir do ano que vem um professor titular com dedicação exclusiva poderá ter aumento de 45,1%.
- Sexta-feira 13 não é um bom dia para negociar... Sei que o PT tem tido sorte com o 13. Mas, pelo que me disseram professores, a proposta do governo está aquém do que eles querem. E só favorece os professores que atingiram o topo da carreira, e não os iniciantes. Como é possível um professor adjunto, com doutorado, ganhar R$ 4.300, e um policial rodoviário com nível superior R$ 5.782,11?
- O que pedem é acima do razoável. E se a greve prosseguir, nem por isso o país para.
- Você parece esquecer que o PT só chegou à Presidência da República porque o movimento grevista do ABC, liderado por Lula, encarou a ditadura, desmascarou as fraudes dos índices econÃ?micos emitidos pelo ministério de Delfim Netto e exigiu reposição salarial.
O amigo me interrompeu:
- Aquilo foi diferente. Máquinas paradas atrasam o país.
- Este é o erro do governo, meu caro. Não avaliar que escola fechada atrasa muito mais. Quem criará as máquinas ou, se quiser, trará ao país inovação tecnológica se os universitários não têm aulas? Quem estanca a fuga de cérebros do Brasil, com tantos cientistas, como Marcelo Gleiser, preferindo as condições de trabalho no exterior? A maior burrice do governo é não investir na inteligência. Já comparou o orçamento do Ministério da Cultura com os demais? É quase uma esmola. Como está difícil convencer o Planalto de que o Brasil só terá futuro se investir ao menos 10% do PIB na educação.
Meu amigo tentou justificar:
- Mas o governo tem que controlar seus gastos. Se ceder aos professores, o rombo nas contas públicas será ainda maior.
- Como pode um professor universitário ganhar o mesmo que um encanador da Câmara Municipal de São Paulo? Um encanador, lotado no Departamento de Zeladoria daquela casa legislativa, ganha R$ 11 mil. Um professor universitário com dedicação exclusiva ganha R$ 11,8 mil. Agora o governo promete que, em três anos, ele terá salário de R$ 17,1 mil.
- O governo vai mudar o plano de carreira. Professores passarão a ganhar mais em menos tempo de trabalho.
- Ora, não me venha com falácias. Quando se trata do fundamental –saúde, educação, saneamento– o governo nunca tem recursos suficientes. Mas sobram fortunas para o Brasil sediar eventos esportivos internacionais protegidos por leis especiais e comprar jatos de combate para um país que já deveria estar desmilitarizado.
- Você não acha que é uma honra o Brasil sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo? Não é importante atualizar os equipamentos de nossa defesa bélica?
- Esses eventos esportivos estarão abertos ao nosso povo, ou apenas aos turistas e cambistas? E quanto à defesa bélica, há tempos o Brasil deveria ter adotado a postura de neutralidade da Suíça e abolir suas Forças Armadas, como fez a Costa Rica em 1949. Quem nos ameaça senão nós mesmos ao não promover a reforma agrária para reduzir a desigualdade social e manter a saúde e a educação sucateadas?
Meu amigo, ao se despedir, admitiu em voz baixa:
- O problema, companheiro, é que, por estar no governo, não posso criticá-lo. Mas você tem boa dose de razão.
Frei Betto é escritor, autor de "A obra do Artista – uma visão holística do Universo” (José Olympio), entre outros livros. www.freibetto.org - Twitter:@freibetto.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Uma proposta indecente


A lamentável cobertura da greve nas federais

17 de julho de 2012 
Versão PDF
Sylvia Debossan Moretzsohn

Sou professora de jornalismo na Universidade Federal Fluminense há 19 anos e acompanho, por interesse e dever de ofício, a cobertura jornalística em geral e, em particular, esta agora sobre a greve nas universidades federais, que já vai completar dois meses. Entendo que os jornais não possam entrar nas minúcias dos detalhes que envolvem as atuais reivindicações, mas deveriam ter a obrigação de esclarecer o que está em jogo. Sobretudo agora, que o governo finalmente se manifestou.

As reportagens do dia 14 de julho não dão esses esclarecimentos. A matéria da Folha ainda tenta relativizar os números do governo (40% e não 45% de reajuste para os próximos três anos). Ainda assim, não mostra que o índice maior de reajuste é apenas para os professores titulares, que representam uma minoria ínfima do total de docentes: fala, como a maioria dos demais jornais, em “doutores”, pura e simplesmente.


O mais grave, entretanto, não é isso: é que a proposta, a rigor, é previsivelmente de redução salarial, e não de reajuste. Jornalisticamente, daria bela manchete, não é? É uma questão de fazer contas. A propósito, indico este link, em que um professor da Federal de Sergipe corrige os números.

Não é tudo, porém, e quem me chamou a atenção para isso foi meu colega Kleber Mendonça, também da UFF. Nenhum jornal, até agora (que tenhamos visto), mencionou as armadilhas embutidas no novo plano de carreira. Por ele, como se pode constatar neste linktodos os novos professores, independentemente de sua titulação, ingressarão no nível mais baixo da carreira, como auxiliares, e não poderão mudar de classe enquanto estiverem em estágio probatório. Na prática, isso significa que aquele que já poderia estar recebendo como doutor ficará com remuneração inferior durante três anos (o período do probatório).

Note-se que os concursos, há muitos anos, vêm sendo abertos apenas para doutores, e só excepcionalmente para mestres. Ou seja, exige-se a titulação, mas a remuneração correspondente pode esperar. Isso é porque o governo diz que quer valorizar os professores de maior titulação... Além disso, as progressões se darão com base em critérios ainda a serem definidos pelo MEC, e não pelos departamentos, como é hoje. Ou seja, aceitar a proposta significa aceitar critérios que não foram explicitados. Maquiavel foi mesmo um gênio, não foi?

O pior é que a aprovação de tal medida representará um retorno aos tempos da ditadura, em que as universidades não tinham autonomia para deliberar sobre a promoção de seus professores. Naquele tempo, em que não havia concurso, os contratos eram renovados regularmente mediante a apresentação do famigerado atestado ideológico, expedido pelo Dops. É claro que vários professores não conseguiam o documento – nem mesmo tentavam obtê-lo, pelo receio de serem presos. Essa prática terminou depois da aprovação da Lei da Anistia, em 1979, mas ainda assim algum chefe de Departamento que não gostasse de algum professor poderia não renovar o seu contrato.

O jornalista João Batista de Abreu, que iniciava então sua carreira docente, recorda que a greve deflagrada em fins do ano de 1980 conquistou esse direito de autonomia em que as universidades puderam constituir suas comissões de progressão docente e estabelecer critérios para a promoção dos professores. O que se propõe agora, portanto, é uma volta no tempo – no caso, tempos sombrios, que os próprios governantes deveriam rejeitar. Para concluir, a planilha comparativa divulgada pelo governo mostra apenas os salários atuais (antes e depois do reajuste de 4% já concedido no mês passado, e retroativo a março) e os salários de 2015. O hiato de três anos até lá é apagado, mais ou menos como em certos anúncios imobiliários em que algumas ruas são suprimidas do mapa para dar a impressão de que o belo imóvel fica a poucas quadras da praia ou de um maravilhoso bosque.

Quem olha as planilhas fica com a sensação de que os professores que recebem hoje, digamos, R$ 7.600 (adjunto 1, doutor com dedicação exclusiva), passarão logo a ganhar R$ 10 mil, quando esta é a remuneração para daqui a três anos. Realmente não compreendo como essas armadilhas, tão claras para quem analisar a proposta do governo, continuaram escondidas do leitor. Como se a reportagem se contentasse em expor a versão oficial e o "outro lado", numa breve manifestação da presidente do Andes.

Chamo a isso de jornalismo de mãos limpas: o repórter ouve um lado, ouve o outro e lava as mãos, deixando supostamente a conclusão para o leitor. Mas a que conclusão o leitor pode chegar, se não tem as informações fundamentais para refletir? Além disso - se bem que isso diz respeito a uma colunista de política, responsável pelo que assina -, não compreendo como alguém possa afirmar que uma proposta é “definitiva”, tal como Eliane Catanhêde escreve, reproduzindo o discurso da ministra Miriam Belchior. Propostas, por definição, são passíveis de negociação. Se não é assim, não se trata de proposta, mas de decisão, deliberação, imposição ou qualquer outro substantivo que expresse uma resolução unilateral de quem tem, ou pensa que tem, poder para agir dessa forma.
FONTE